Um dia você se vê pegando um avião. Seu rumo é simplesmente Nova York. Aí, você senta, olha pro lado, exuga as lágrimas depois de uma despedida de arrancar qualquer coração e pensa: o que será de mim agora. Você lembra apenas o que o programa vendia: você vai ter o melhor ano da sua vida. Com esta frase em mente, enfrenta mais de 10 horas de viagem, chega em meio à uma primavera que mais parecia o inverno de São Paulo multiplicado por 2, olha um lugar desconhecido e lindo e pensa novamente: é, agora é real.
Foi assim que tudo aconteceu há exatamente seis meses atrás. Eu e mais um grupo de meninas cheias de sonhos viemos para Nova York em busca de uma coisa chamada realização. Sim, pode ser apenas vontade de aprender bem o idioma, ou então vontade de conhecer outra cultura. Pode ser fulga da realidade, vontade de se jogar no novo. Enfim, muitos motivos nos trouxeram aqui, mas apenas um nos manteve, pelo menos no meu caso, e este foi a minha fé.
Me disseram que eu teria o melhor ano da minha vida e eu acreditei. Larguei familia, carreira, amigos e um conforto incomparável para vir ser au pair e cuidar de 4 crianças. Meu Deus, como foi dificil o começo, mas eu superei. Superei a rebeldia das crianças, a frieza dos pais, a direção, os caminhos malucos, a depressão, tudo. E consegui isso porque aquelas duas asas que me trouxeram aqui continuaram comigo.
É por isso que em seis meses, por ter tanta fé, eu acreditei que eu estava feliz, mas que poderia ser mais. Sabe quando buscamos a terra do nunca, aquele lugar desconhecido em que existe a felicidade plena, pois é, eu fui em busca disso.
Sei bem que fui muito feliz aqui, conheci pessoas inesquecíveis e tive momentos incomparáveis, mas isso foi sempre ou quase sempre fora de casa. Eu queria me sentir 100% com minha familia também e isso não aconteceu, pelo menos não da forma que eu esperava. Maldita expectativa. Ela, às vezes, nos faz sonhar demais. E eu sonhei alto, decidi mudar, mesmo com o risco de voltar ao Brasil em duas semanas. Decidi me jogar no novo e buscar uma nova familia. Uma que pudesse me acolher e me tratar como Bruna e não como qualquer coisa. Eu já disse mil vezes, cansei há um bom tempo de aceitar as coisas pela metade. Agora, eu quero sentir tudo por inteiro, porque se não for, pra mim não é de verdade.
Tomar esta decisão de mudar de familia bem prestes a completar seis meses não foi nada fácil. O medo me acompanhou muito. Porém, deixei ele de lado quando li a frase: "Fear and worries are not in God's vocabulary". Verdade, medo e preocupação realmente não podem estar no vocabulário de Deus. Porque ele dá força e abre nosso caminho, você só precisa acreditar. Eu acreditei. Fiquei em dúvida sim, pois ainda me vejo muitas vezes esperando o pior pra mim. Mas veio o sinal que eu precisava. Veio a resposta que eu tanto queria. Estou deixando Nova York meus queridos. Na segunda-feira vou em busca de uma nova história e em uma nova terra. Estou indo para Washinghton DC, ficarei ali pertinho da casa branca...eee.. Estou indo aberta e consciente de que pra dar certo desta vez, eu também tenho que me doar. Coloquei muito a culpa na minha atual familia, mas cheguei à conclusão que eu também preciso mudar. Preciso ser mais aberta e esquecer um pouco o mundo virtual pra poder viver bons momentos ao lado deles. É assim que vou recomeçar esta jornada.
Foram seis meses maravilhosos em Nova York. Não sei inumerar as pessoas fantásticas que conheci, as amizades que conquistei, o quase-amor que encontrei, as aventuras, os risos, os choros, as descobertas. Enfim, tudo vai ficar na minha mente, no coração e aqui registrado no meu blog também. Não vou mudar o nome do meu blog, até porque vou morar há apenas quatro horas de NYC e esta continuará sendo a cidade dos meus sonhos, mas mudo o layout pra comemorar esta nova fase. Pra chamar estes novos 6 ou 9 ou 12 meses que vêm pela frente (isso ainda é algo indefinido pra mim)e dizer: estou te esperando de braços abertos felicidade. Eu sei, ela está vindo ao meu encontro. Não que eu não a tenha encontrado aqui, claro que ela esteve sempre presente. Mas aqui eu senti que ela veio de passagem e nesta nova fase eu sei que ela vai permanecer ao meu lado.
Moral de tudo isso: cresci. Nunca envelheci tanto em seis meses. Não na pele, no corpo, mas na mente. Me sinto madura, preparada, ousada, consciente e feliz. Pra tomar esta decisão, nossa, eu conversei com quem realmente quer meu bem, com quem me puxa pra cima, com quem quer me ver feliz acima de tudo. Então, obrigada Aninha e João Henrique...obrigada também pelo apoio Tati. Todos vocês foram fundamentais na minha escolha. Não por me persuadirem, mas por me mostrarem que minha decisão seria a mais certa.
Termino este post agradecendo a Deus por tudo. Amo minhas crianças atuais e não sei como será. Farei um post em homenagem a eles. Mas quero terminar mesmo dizendo que a gente tem apenas que acreditar. Eu não sei como vai ser em DC, mas eu tenho fé que será muito melhor. To pronta novamente pra sonhar. Bjos a todos e em especial para minhas amigas queridas que conheci na primeira semana aqui...Alice, Karen, Dau, Debora, Maira, Kelly, Gabriela e cia...obrigada por terem feito a primeira e mais dificil semana se tornar doce e inesquecível. Nossa foto é apenas uma pequena lembrança e homenagem!
E, por fim, leia e reflita: "dreams are the illustrations of a book that our soul is writing about us! (os sonhos são as imagens do livro que nossa alma está escrevendo sobre a gente)....